Soja

Em um momento pouco comum no mercado da soja nos últimos meses, os preços subiram de forma expressiva na bolsa de Chicago, impactados pela queda do dólar, que também pautou a alta do milho no mercado internacional. Sobre as cotações futuras da soja, os lotes com entrega para julho fecharam em alta de 2,46% nesta quinta-feira (02), para um valor de US$ 11,99.

A principal força para a valorização veio da queda do dólar, afirma Roberto Carlos Rafael, sócio-proprietário da Germinar Agronegócios. O recuo da moeda americana desestimula as exportações do Brasil e “joga a demanda para os EUA”, como explica o analista. Nesta quinta, o dólar fechou em queda de 1,53%, para R$ 5,11.

“Esse cenário de clima traz alguma preocupação, já que ainda restam 30% das áreas a serem colhidas no Estado. Os agentes têm especulado também a presença de chuvas nos EUA, que podem provocar lentidão no plantio. Mas não vejo motivo pra isso, já que as condições das lavouras são excelentes”, destaca.

A demanda por soja americana cresceu, mas aquém do esperado. O saldo líquido de vendas de soja pelos americanos (resultado de novos contratos e cancelamentos) da temporada 2023/24 somou 414 mil toneladas na semana encerrada em 25 de abril. Esse volume é 96% superior ao da semana anterior e 45% acima da média das últimas quatro semanas, informou hoje o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

O volume, porém, ficou abaixo das estimativas de analistas de mercado, que esperavam até 700 mil toneladas para o período.

Milho

O movimento do dólar também motivou uma alta nos valores do milho, que subiu também diante de condições adversas para áreas produtoras no Brasil. Os contratos para julho terminaram a sessão em alta de 0,83%, a US$ 4,5975 o bushel.

De acordo com Roberto Carlos Rafael, as condições atuais para a safrinha de milho no Brasil são um fator de valorização para o milho no cenário externo.

"Há uma preocupação com o clima em áreas do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, além de outras regiões do Centro-Oeste, onde os prognósticos apontam para um clima mais seco nos próximos dias", destaca o analista.

Na Argentina, a safra vem sofrendo impactos com o ataque das cigarrinhas. Diante disso, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu em 3 milhões de toneladas sua projeção para a safra 2023/24, que deverá ser de 46,5 milhões de toneladas.

Nos negócios do trigo em Chicago, os contratos para julho subiram 0,83%, para US$ 6,0425 o bushel.

O trigo segue com muita oscilação, enquanto agentes monitoram questões relacionadas com a guerra entre Rússia e Ucrânia. No momento, o conflito se concentra em Odessa, importante zona portuária ucraniana. O receio é que os embarques do cereal possam ser prejudicados.

Também está no radar dos agentes as condições de clima adversas na região sul da Rússia, maior exportador mundial de trigo.

Devido a esse quadro, algumas consultorias já estão revendo suas estimativas de produção para o trigo russo em 2024/25.

Paulo Santos – Globo Rural

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